O medo da solidão é algo que permeia a vida de muitas pessoas. Por isso, não são poucos aqueles que pensam que a resolução definitiva para isso é um namoro ou um casamento.
Porém, no caminho em busca por alguém, é comum ter de lidar com certas frustrações. E estar em um relacionamento, nem sempre, vai preencher as lacunas emocionais que temos.
Para a psicóloga Milena Lhano, é comum que as pessoas sintam dificuldade em estarem sozinhas.
Sentir-se abandonado e desprotegido também potencializa a vontade de possuir um vínculo amoroso. Além disso, uma parcela de nossas idealizações amorosas se originam pela cultura.
Contos de fada, novelas, livros e filmes vendem um modelo de felicidade. Mas o convívio familiar e as cobranças sociais são as que mais nos tornam dependentes de uma outra pessoa.
É comum que as pessoas nos questionem sobre quando teremos uma relação. Essas perguntas acabam reforçando a necessidade de ter alguém ao nosso lado.
Mas a vida não precisa ser assim. Optando pelo caminho da autoaceitação, você pode conquistar confiança ao longo do tempo, olhar para dentro de si e ter a consciência de que é tudo o que precisa.
É importante ter em mente que alguns sentimentos não vão embora com um relacionamento. É possível cobrir alguns vazios, mas eles ainda estarão lá.
Lidar e aceitar estes vácuos é um processo doloroso, porém necessário. Segundo a psicóloga Dayane Fagundes, o primeiro passo para a autoaceitação é o autoconhecimento.
Quando nos conhecemos, não projetamos nossas frustrações e desejos em alguém. “O outro não será capaz de te fazer feliz, isso só você pode fazer. E mesmo assim, às vezes, nem nós conseguimos", diz.
Abandonar a idealização de que alguém irá nos completar é um passo imprescindível para ancorar nossa autoestima. Reformular o que não está bem em nossa vida também é necessário.
Além disso, descobrir o que gostamos de fazer, o que nos faz felizes e como queremos viver são etapas importantes na descoberta de nossa autonomia. E tudo isso deve independer de um relacionamento.
Não é errado que outra pessoa nos ofereça um sentimento de proteção, segurança e amparo. Porém, quando acreditamos que o outro deve fazer o que for preciso para nos fazer feliz, é necessário reflexão.
Relacionamentos perfeitos não existem. Todos eles vêm com grandes desafios. Mas é importante que o amor e o respeito supere as diferenças.
Devemos estar com alguém que nos aceita pelo que somos. E isso não significa inflexibilidade ou egoísmo. Mas, sim, que precisamos nos posicionar sempre que sentirmos a necessidade.
Ao conhecermos alguém, é normal idealizar algo estável para o futuro. Mas é necessário trabalhar nosso autoconhecimento para não atribuirmos um peso desnecessário a um possível namoro.
A psicóloga Milena Lhano também alerta sobre os perigos de fazer uma relação "dar certo". Para ela, isso pode nos fazer ignorar os defeitos do outro e os possíveis sinais de incompatibilidade.
Parar de buscar ou forçar uma relação significa que estamos nos nutrindo sozinhos e que o outro não é mais a solução para nossas angústias. Se o relacionamento vier, ele irá somar e não preencher.
Segundo Dayane, iremos depender menos de relacionamentos quando descobrirmos que não precisamos ser perfeitos para nos amar. A possibilidade de sermos felizes encontra-se no agora e em nós mesmos.